investir em fundos

Com 0,75 de alta na Selic, será que a renda fixa voltará a render bem?

Após 6 anos sem aumento, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a meta da taxa Selic de 2% para 2,75% e uma alta de juros na economia brasileira em um momento tão fragilizado pode ter um resultado terrível. Porém, mais importante do que saber o quanto sobe ou cai o juro, é entendermos as motivações desta oscilação.

Os juros estão subindo porque basicamente o governo não terá capacidade de captar dinheiro para financiar por uma taxa sensivelmente abaixo da inflação. Portanto, ao invés de olhar a selic, acompanhe a inflação e o juro de 10 anos.

A Selic é fruto de uma decisão do Banco Central, logo é uma escolha baseada em vários princípios e métodos, mas ainda, uma decisão humana direta. O juro de anos corresponde ao quanto os investidores estão dispostos a receber como remuneração do seu dinheiro ao investir em títulos do governo. Essa taxa de longo prazo é base para cálculo de retorno de investimentos e balizador dos empréstimos. Ela nunca ficou abaixo de 6,6%, ou seja, depois de um certo patamar de queda na Selic, os investidores não aceitavam taxas cada vez menores, logo, a taxa de longo prazo nunca chegou perto de 2% e nunca ninguém conseguiu financiar nesse patamar.

É possível imaginar que os investidores não busquem investimentos que remunerem abaixo da inflação. Ou seja, se a média de preços sobe 5%, por que eu investiria para ganhar 2%? Não seria uma decisão inteligente, certo? Os investidores também pensam dessa forma, justamente por isso o juro de longo prazo subiu enormemente e estamos acima de 9%.

Deterioração

Analise o cenário: um governo que deve cada vez mais, queda na economia e queda na arrecadação, dificuldade de vislumbrar uma saída para a pandemia, resultando em gastos crescentes.

Parece que está cada vez mais arriscado investir nos títulos públicos brasileiros. Essa percepção não decorre exatamente de um calote. A grande questão é que uma deterioração da economia pode resultar em aumento da inflação. Esse medo é real e nos últimos 3 meses está presente em todas as conversas de investidores.

Calma, podemos melhorar

A grande questão para sairmos dessa encruzilhada é uma melhor articulação política. Nesse sentido, a pressão aos Poderes por coordenação é fundamental, especialmente ao Executivo. Posso até entender a pauta de costumes e armas, de fato existem pessoas que desejam a prosperidade dessas ideias, contudo agora essas conversas seriam um desvio do urgente! Ficar em campanha permanente não ajuda! Negar os problemas nos faz mais fracos!

Fiquei muito feliz ao ver a carta dos economistas e empresários sobre as 4 saídas para a crise amplamente divulgada, mais ainda a reação de flexibilização do presidente em rede nacional.

Claramente o nosso presidente continua com as mesmas crenças que remontam tempos passados e não são superadas pela evolução da ciência, contudo pouco me importo com o que passa na cabeça arcaica de qualquer que tenha essas ideias. Preciso ver ações reais e postura de gente grande para encarar nossos problemas. Os políticos se esforçando para as pautas importantes de combate à pandemia, superação da miséria e criação de um ambiente de promoção aos investimentos.

Que bons ventos comecem a soprar!

Vinícius Machado é economista formado pela UFRGS e gestor certificado e regulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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Vinicius Machado

Vinicius Machado

Economista pela Federal do Rio Grande do Sul e com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro. Durante a minha carreira sempre me encantei com atendimento direto às pessoas e aprendi a pensar as finanças além dos números, afinal, indivíduos não se resumem em suas metas e rentabilidades.

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